A falta de senso
Uma bem sucedida escola da rede particular de ensino de Ilhéus realiza, todos os anos, um projeto inovador de incentivo à leitura. Em praças públicas, distribui livros, destaca a importância da leitura como poder de transformação social e, aos olhos do cidadão comum, estimula que a prática se multiplique, também, dentro e fora de casa. Não é a toa que, com projetos inovadores como este, a escola seja um orgulho para Ilhéus e região, ao ser a campeã sulbaiana absoluta das avaliações do Enem.
A mais recente incursão desta iniciativa, numa praça do centro de Ilhéus, por pouco não aconteceu. O espaço para ensinar e estimular o povo a ler quase foi vetado pelo setor competente (?) da Prefeitura. Se, com dificuldade, liberou a praça, vale destacar que um pequeno toldo previsto para instalar no local, pelo período máximo de duas horas diante da possibilidade de uma chuva nos primeiros horários do dia, foi vetado pela Prefeitura para não “enfeiar a praça”.
A falta de tato para lidar com mais respeito a uma iniciativa como esta nos remete à uma triste realidade promovida pelo próprio município. E a distância que há entre a educação desta escola e a que é oferecida aos municípes que não dispõem de recursos para pagar por uma qualidade melhor. A “otoridade” que acha feio um toldo branco na praça, por apenas duas horas, o que pode pensar da realidade dos alunos da rede municipal que, por todo ano, estudam em salas insalubres, muitas vezes sem direito a um lanche, escolas adaptadas em garagem e são testemunhas de alagamentos provenientes de telhados sem a mínima condição de abrigo?
O que é, efetivamente, mais feio, caro amigo?
O fato é que o homem não é nada além daquilo que a educação faz dele. "A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida".
Resta-nos saber, entretanto, é se tudo isso é sonho ou se há, de fato, interesse político que esta educação que orgulha aconteça de verdade. Para todos.